O primeiro relatório do Índice da Igualdade de Género (GEI, na sigla em inglês) – ferramenta elaborada por uma agência da Comissão Europeia que será lançada oficialmente hoje, numa conferência de alto nível, em Bruxelas – apresenta resultados para seis domínios: trabalho, dinheiro, poder, conhecimento, saúde e tempo.
A Suécia comanda a lista geral do GEI e também o resultado no domínio do poder. A Irlanda lidera na saúde, enquanto a Finlândia revela superior desempenho no trabalho e o Luxemburgo no dinheiro. A Dinamarca vai à frente no conhecimento e a Holanda no tempo.
Saúde, trabalho e dinheiro – são, por esta ordem, os três melhores resultados de Portugal no GEI, mas todos abaixo da média europeia.
Em entrevista à agência Lusa, na sede do Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE, na sigla em inglês), em Vilnius, Lígia Nóbrega, socióloga portuguesa que trabalhou na construção do GEI, confessou que alguns resultados de Portugal a surpreenderam.
Por exemplo, na saúde, pensava que o país estava “um bocadinho melhor”. Porém, reconheceu, ser este o melhor resultado “significa que o Estado Social ainda está a funcionar, pelo menos por enquanto”.
O GEI é “um instrumento estatístico”, que pretende indicar, para um determinado momento no tempo, “onde é que se está relativamente à questão da igualdade de género e em que domínios se está a progredir e a precisar de melhorar”, resumiu a perita portuguesa.
O índice “procura desmontar” a “realidade complexa” da igualdade entre mulheres e homens e traduzi-la “num numerozinho muito simples”, para “avaliar” a situação na União Europeia e “comparar” o desempenho dos países-membros, explica.
“Já existiam índices mundiais de igualdade de género, mas a União Europeia ainda não tinha criado um”, recordou. O projecto do GEI – levado a cabo pelo EIGE, agência da Comissão Europeia – arrancou em 2010, enfrentando alguma “resistência” dos Estados-membros.
“Nem todos os Estados-membros estavam de acordo e agora, quando forem divulgados os resultados, vai ser complicado também”, previu Lígia Nóbrega, antecipando “muitas críticas” no plano político. Mas isso não lhe “tira o sono”: a metodologia e as fontes (sobretudo Eurostat, Eurofound e Direcção Geral de Justiça da Comissão Europeia) “são perfeitamente validadas”.
No final, a portuguesa disse esperar que todos compreendam que o GEI “é um instrumento extremamente poderoso e valioso para poder orientar as políticas no sentido do progresso relativamente à igualdade de género”.
Os resultados do GEI – que se pretende actualizar “pelo menos a cada dois anos” – apontam os domínios para os quais as políticas devem dirigir-se. “Não estamos a construir um instrumento estatístico só, puramente. Estamos a construir um instrumento que sirva de alguma coisa, que sirva efectivamente para melhorar a situação das pessoas”, frisou.
“Se a situação das cidadãs e dos cidadãos europeus não é a desejável, é importante que isso também seja reflectido no índice”, considerou, constatando que não existem, na UE e nos Estados, estatísticas de género que facultem informação suficiente, comparável e harmonizada.
O Índice da Igualdade de Género será apresentado hoje, numa conferência de alto nível em Bruxelas, numa sessão que contará com a presença do presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.
Fonte: http://maiortv.com.pt/noticias/portugal-abaixo-da-media-da-ue-no-indice-da-igualdade-de-genero-009/